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Crise na Saúde Privada de Patrocínio: Falta de Estrutura e Abandono Escancaram Colapso do Setor

Patrocínio, cidade-polo do Alto Paranaíba, vive um colapso na saúde privada.

Com cerca de 100 mil moradores e referência para uma microrregião de mais de 300 mil pessoas, o município enfrenta um cenário alarmante: apenas um hospital da rede particular está em funcionamento, sendo responsável por absorver todos os atendimentos de urgência e emergência.

A estrutura é insuficiente e provoca uma série de consequências em cadeia — tanto para os pacientes quanto para o sistema público.

Quem depende de plano de saúde se vê desamparado. Muitos reclamam de mensalidades altas, enquanto enfrentam filas, demora no atendimento e a sensação de abandono.

A situação piorou após o fechamento de outros hospitais privados para convênios, o sucateamento de estruturas existentes e a falta de ampliação dos serviços.

“O crescimento da cidade contrasta com a precariedade da saúde. Vamos formar médicos aqui, estamos prontos para receber um Hospital do Câncer, mas vivemos uma medicina de improviso”, lamenta um médico que atua na rede.

SUS SOB PRESSÃO

Com a rede privada em colapso, a população migra para o atendimento público. O Pronto Socorro Municipal, mantido pelo SUS, está sobrecarregado com casos que deveriam ser absorvidos pelos convênios.

Situações clínicas simples, exames, pequenas cirurgias e internações viraram responsabilidade do sistema público, que não tem estrutura para dar conta da demanda crescente.

O impacto atinge também os profissionais. Médicos mais experientes estão deixando a cidade, enquanto plantonistas novatos enfrentam uma rotina de estresse, falta de recursos e pouca orientação.

REGIÃO AVANÇA, PATROCÍNIO ESTAGNA

Enquanto Patrocínio patina, municípios vizinhos mostram caminhos opostos. Em Patos de Minas, há ao menos sete hospitais atendendo a população.

Araxá inaugurou recentemente o Hospital da Unimed, fortalecendo a rede. Já Uberlândia é referência em qualidade na saúde suplementar, com clínicas especializadas, atendimento 24 horas e hospitais bem equipados.

O contraste é visível. Patrocínio, com potencial econômico semelhante, não consegue acompanhar o ritmo dos vizinhos. E quem sofre são os moradores — que pagam, mas não recebem.

EMPRESARIADO AUSENTE

Outro ponto que chama a atenção é a falta de mobilização do setor empresarial. Apesar do impacto direto nos funcionários, poucas iniciativas foram tomadas para mudar o cenário.

A ausência de parcerias, investimentos e cobrança de soluções evidencia um desinteresse que agrava o problema.

“Hoje, o hospital virou ambulância. E a ambulância virou o último recurso. É isso que temos”, desabafa um plantonista do SUS.

CLAMOR POR MUDANÇAS

A pressão popular aumenta. Usuários exigem mais fiscalização da ANS, transparência nos contratos e investimentos urgentes.

A confiança na saúde privada está em xeque, e a cidade cobra atitudes concretas de empresários, gestores e autoridades.

Para virar esse jogo, será preciso mais que promessas. Patrocínio precisa de ação, coragem e compromisso.

A saúde não pode continuar sendo transferida entre ambulâncias — ela precisa, de fato, acontecer dentro da cidade.

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