O Brasil registrou, em 2024, o menor número de acidentes com a rede elétrica dos últimos oito anos, segundo levantamento da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). Foram 685 ocorrências, uma queda de 12,4% em relação aos 782 casos de 2023. Apesar do recuo, o número de mortes subiu de 250 para 257, o que acendeu o alerta entre especialistas do setor.
O relatório divulgado nesta quinta-feira (22) aponta que os acidentes fatais continuam concentrados principalmente em atividades ligadas à construção civil, com 65 mortes, seguidas por ocorrências com cabos energizados no solo (37) e furtos de equipamentos (29). As causas mais frequentes de acidentes envolvem obras próximas à rede elétrica, quedas de árvores sobre fios e colisões de veículos em postes.
De acordo com o presidente da Abradee, Marcos Madureira, a maioria das tragédias ocorre por falta de planejamento e descuido com os riscos elétricos. “Construções sob a rede, uso de escadas metálicas e proximidade de vergalhões com cabos expostos são erros que ainda vemos com frequência”, afirmou.
Em relação aos acidentes com cabos energizados no chão, Madureira explicou que muitos fios não tocam diretamente o solo, o que dificulta a percepção do perigo. “Nessas situações, reforçamos a orientação para que ninguém se aproxime e que a distribuidora local seja acionada imediatamente.”
O estudo revela também que 224 acidentes resultaram em lesões graves e 204 em ferimentos leves. Para reduzir os riscos, a Abradee lançou uma nova edição da campanha nacional de segurança, com foco em profissionais da construção civil e ações educativas voltadas à população. Estão previstas oficinas, videoaulas e distribuição de materiais informativos.
A associação voltou a defender a substituição progressiva das redes aéreas por subterrâneas, especialmente em áreas urbanas densas. No entanto, Madureira ressaltou que essa alternativa demanda alto investimento e planejamento conjunto entre municípios, concessionárias e órgãos reguladores. “Onde for viável e justificável, o aterramento pode contribuir significativamente para a segurança e a estética urbana”, destacou.
A cartilha da campanha também traz orientações para diferentes situações, como obras, uso doméstico da eletricidade, soltar pipas com segurança e agir em casos de vendavais ou inundações. O objetivo da iniciativa, segundo a Abradee, é reforçar o compromisso de alcançar “zero acidentes” com a rede elétrica.