O governo do Maranhão reportou, na manhã desta quinta-feira (20), os primeiros casos de Covid-19 provocados pela variante do coronavírus detectada na Índia. Ela foi identificada em tripulantes do navio Mv Shangon Da Zhi, ancorado no Estado e que saiu da África do Sul. A tripulação está isolada, e o navio não tem permissão para atracar no Brasil. As informações são do Globo.
Ao todo, 15 passageiros testaram positivo para Covid, sendo que em ao menos seis – os únicos em que foi possível realizar o teste genômico – foi encontrada a cepa B.1.617.2, segundo afirmou Carlos Lula, secretário de Saúde do Maranhão. Na semana passada, um paciente indiano de 54 anos, que estava neste navio, deu entrada em um hospital da rede privada em São Luís.
A variante indiana B.1.617 foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma “preocupação global”. Dados preliminares indicam que ela tem capacidade de transmissão maior do que a cepa original do vírus, segundo afirmou a líder técnica da resposta à pandemia de Covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, em coletiva de imprensa na segunda-feira (10).
Segundo a cientista chefe da entidade multilateral, Sumya Swaminathan, até onde se sabe, as vacinas contra a Covid-19 e tratamentos disponíveis são eficazes contra casos da cepa indiana. Ela ressaltou, no entanto, que as evidências ainda são recentes e é importante “dar tempo” para que mais dados sobre a variante B.1617 sejam coletados.
COVID: VACINAÇÃO NO BRASIL
Até o momento, o país utilizou apenas três vacinas diferentes na campanha de imunização contra Covid (Coronavac, Astrazeneca e Pfizer), que se iniciou, em 18 de janeiro, por grupos prioritários, como idosos, forças de segurança e salvamento e pessoas com comorbidades. Essas vacinas necessitam da aplicação de duas doses para imunização, e não há nenhuma pesquisa, por ora, que tenha testado eficácia ou segurança em larga escala quando dois imunizantes diferentes são administrados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que é necessário vacinar de 60% a 70% da população para frear a propagação do vírus. As vacinas usadas no Brasil possuem características específicas, mas ambas têm eficácia e segurança contra o coronavírus. A Coronavac é feita com o vírus inteiro, só que inativado (“morto”). A vacina tem todas as proteínas do vírus, não só a proteína S, que ele usa para infectar as nossas células. Com isso, o corpo que recebe a vacina com o vírus — já inativado — começa a gerar os anticorpos necessários no combate da doença. A eficácia da Coronavac para casos sintomáticos é de 50,7%, sendo que pode chegar a 62,3% se houver um intervalo de mais de 21 dias entre as duas doses da vacina. Já a Astrazenca é produzida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e usa um outro vírus (adenovírus) para carregar parte do material genético do coronavírus dentro do corpo. Este adenovírus carrega em si as instruções para a produção de uma proteína característica do coronavírus, conhecida como espícula. Ao entrar nas células, o adenovírus faz com que elas passem a produzir essa proteína e a exiba em sua superfície, o que é detectado pelo sistema imune, que cria formas de combater o coronavírus e cria uma resposta protetora contra uma infecção. Ela tem eficácia de 76% contra casos sintomáticos. A vacina da Pfizer usa o material genético do coronavírus (RNA), que é o que vai dar as instruções para que a célula faça a proteína S do vírus. Diferente das outras, esse material genético não é levado por outro vírus, e sim por outros tipos de transportadores, que podem ser “sacolas de gorduras”, os lipossomas. Os imunizantes criados a partir da replicação de sequências de RNA torna o processo mais barato e mais rápido. A Pfizer pode, inclusive, ser aplicada em pessoas a partir de 16 anos de idade, e os estudos de fase 3 apresentaram eficácia global de 95% de eficácia em toda população.
COVID: VEJA OS SINTOMAS MAIS COMUNS
É possível estar com a doença e ficar assintomático, mas também há diferentes sintomas relatados entre pessoas que estão com coronavírus. De acordo com o Ministério da Saúde, os mais comuns, em casos leves, são tosse, dor de garganta e coriza, seguido ou não de anosmia (perda de olfato), ageusia (perda do paladar), diarréia, dor abdominal, febre, calafrios, dores musculares, fadiga e/ou dor de cabeça. Em casos moderados da doença, a tosse e a febre podem se tornar persistentes, e aparecem sintomas como prostração, diminuição do apetite e pneumonia. Em casos mais graves, segundo o Ministério da Saúde, são relatados desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax, além de saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente e coloração azulada de lábios ou rosto.
MORTES POR COVID
Até 10 de maio, mais de 422.000 pessoas haviam morrido no Brasil em decorrência da Covid-19 desde o início da pandemia. O ranking de Estados com mais mortes pelo coronavírus é liderado por São Paulo, seguido por Rio de Janeiro e Minas Gerais. As unidades da Federação com menos óbitos são Roraima, Amapá e Acre. Considerando o número de registros em 24 horas, o recorde de mortes em um dia no Brasil foi 4.249 óbitos, em 8 de abril. Já o recorde de Minas Gerais, com 508 mortes em 24 horas, foi no dia 7 de abril. A primeira morte pelo novo coronavírus no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, ocorreu no dia 12 de março de 2020: uma mulher de 57 anos, que veio a óbito em um hospital em São Paulo. No mundo, a primeira morte (de um homem de 61 anos) foi registrada oficialmente em 9 de janeiro de 2020 em Wuhan, na China.
PREVENÇÃO AO CORONAVÍRUS
Manter o distanciamento social, evitando aglomerações, e usar máscara de qualidade e de maneira adequada quando precisar sair de casa são formas eficientes de se prevenir contra o coronavírus. Outros cuidados fundamentais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, são: lavar as mãos com frequência, usando sabão e água ou álcool em gel; evitar tocar olhos, nariz ou boca; cobrir o nariz e boca com braço dobrado ou lenço ao tossir ou espirrar. O Ministério da Saúde reforça que é fundamental manter a limpeza e desinfeção de ambientes e objetos, como brinquedos e celulares, e isolar casos suspeitos e confirmados. A vacinação também é uma forma de prevenção contra qualquer doença, mas ainda não se sabe por quanto tempo cada imunizante contra o coronavírus vai proteger cada pessoa contra a infecção. Além disso, mesmo estando vacinado, cada cidadão pode se tornar um agente transmissor do vírus. Por isso, todas as medidas de profilaxia continuam válidas, por enquanto, mesmo para quem já se vacinou.
Com informações: O Tempo