Depois de ter usado um caminhão baú para levar um homem de 43 anos com obesidade mórbida e pesando cerca de 250 quilos para atendimento no Espírito Santo, a família do mineiro Ernandes Fehlberg viu ele morrer, nesta sexta-feira (21), após aguardar por 8h dentro de uma ambulância atendimento médico em frente ao Hospital Municipal de Governador Valadares, no Rio Doce. Ele chegou a ser atendido, após a longa espera, mas não resistiu e morreu. Na cidade capixaba ele também não conseguiu atendimento.
Ernandes Fehlberg, era natural de Mantena, na mesma região, onde, segundo a prefeitura, não havia estrutura para realizar o tratamento por ser de alta complexidade já que ele tinha obesidade mórbida. O paciente precisava de uma cirurgia de hérnia nos testículos. A saga da família começou quando ele deu entrada no Pronto-Socorro de Mantena, na última segunda-feira (17), ali começou um impasse pelo atendimento dele.
Segundo o secretário de saúde de Mantena, Osmar Rufino foi feita uma tentativa de internação do paciente em Governador Valadares, que é o município de referência de saúde, na região do Rio Doce, na segunda-feira, porém, sem sucesso. A família de Fehlberg ficou desesperada pelo tratamento e, na última quarta-feira (19) resolveu levar o paciente para a cidade de Barra de São Francisco, no Espírito Santo. O município de Mantena não forneceu a ambulância e ele foi transportado por um caminhão baú.
“O carro da prefeitura não podia fazer esse transporte, por que a retirada dele do hospital e a ida até outro Estado não era aconselhada pela equipe médica e não havia garantia de vaga no Espírito Santo, isso por que o certo seria transferi-lo para Governador Valadares, que é a referência em saúde”, explicou Rufino em entrevista ao jornal local.
A família contratou um caminhão baú particular e o levou até o Espírito Santo. “A família temia que ele morresse no hospital de Mantena sem socorro, por isso eles contrataram esse caminhão, mas é muito descaso e muita humilhação uma pessoa ser tratada assim”, lamentou um amigo do paciente, que preferiu não se identificar.
No Espírito Santo, ele também não foi atendido e voltou para Mantena, de onde foi transferido para Governador Valadares em uma ambulância sem médico e apenas com um técnico de enfermagem. De acordo com Rufino, o paciente precisava apenas de oxigenação que poderia ser ministrada pelo técnico. “Quando ele estava a caminho de Governador Valadares, eu recebi uma ligação de lá, falando que não tinham como recebê-lo. Mas como ele já estava a caminho pedimos para seguir”, contou.
Prefeitura de Governador Valadares diz que avisou que não tinha vaga e estrutura para o atendimento
Na tarde desta quinta-feira (20) o paciente chegou ao Hospital Municipal de Governador Valadares e não foi atendido, ficou na porta dentro de uma ambulância aguardando. A prefeitura da cidade informou, por nota, que tinha repassado à prefeitura de Mantena que não havia vaga no hospital municipal e nem estrutura para a cirurgia. Diante da situação, os diretores da unidade de saúde acionanaram à Polícia Militar.
“Importante ressaltar que diante da negativa do SUS FÁCIL – sistema gerido pelo governo do Estado que apontou não ter vaga disponível para este atendimento no Hospital Municipal -, o seu encaminhamento correto deveria ter sido para Belo Horizonte, onde receberia o atendimento especializado para o caso”, escreveu a prefeitura.
Após 8 horas de espera em frente ao hospital, Fehlberg chegou a ser atendido, mas morreu na madrugada desta sexta-feira (21). De acordo com um boletim de ocorrência, vendo o paciente aguardando e sem atendimento médico na ambulância, a direção do hospital de Governador Valadares resolveu atendê-lo. O Corpo de Bombeiros fez a retirada do paciente da ambulância e o levou ao 2º andar do hospital, mas ele não resistiu.
“Durante o transporte do paciente com obesidade mórbida, pesando aproximadamente 250 quilos, ou seja, de alta complexidade e com comorbidades, não teve acompanhamento de médico ou de equipe de enfermagem conforme prevê a lei para casos graves como era o dele”, complementou a prefeitura de Governador Valadares.
Em informações a Inter TV, afiliada da Rede Globo, a família reclamou de descaso com o paciente. Segundo a família ele não tinha condições de vir para Belo Horizonte. A reportagem tentou contato com os parentes do homem, mas sem sucesso.
O caso foi repassado para a Polícia Civil que abriu inquérito para apurar a situação.
Por NATÁLIA OLIVEIRA | SIGA PELO TWITTER @OTEMPO
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