Jesus nos ensina que só poderemos receber o perdão de Deus se também nós perdoarmos aos outros. É o amor de Deus que nos atrai para Ele, e esse amor não nos pode tocar o coração sem criar amor por nossos irmãos. MDC 113.2
Terminando a oração do Senhor, Jesus acrescentou: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.”
Aquele que não perdoa, obstrui o próprio conduto pelo qual, unicamente, pode receber misericórdia de Deus. Não deve pensar que, a menos que os que nos prejudicaram, confessem o mal, estamos justificados ao privá-los de nosso perdão. É dever deles, sem dúvida, humilhar o coração pelo arrependimento e confissão; cumpre-nos, porém, ter espírito de compaixão para com os que pecaram contra nós, quer confessem quer não suas faltas.
Não importa quão cruelmente nos tenham ferido, não devemos acariciar nossos ressentimentos, simpatizando com nós mesmos pelos males que nos são causados; mas, como esperamos nos sejam perdoadas nossas ofensas contra Deus, cumpre-nos perdoar a todos os que nos têm feito mal. MDC 113.3
O perdão, porém, tem sentido mais amplo do que muitos supõem. Dando a promessa de que perdoará “abundantemente”, Deus acrescenta, como se o significado dessa promessa excedesse a tudo que pudéssemos compreender: “Os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os Meus caminhos os vossos caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a Terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Isaías 55:7-9.
O perdão de Deus não é meramente um ato judicial pelo qual Ele nos livra da condenação. É não somente perdão pelo pecado, mas livramento do pecado. É o transbordamento de amor redentor que transforma o coração. Davi tinha a verdadeira concepção do perdão ao orar: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” Salmos 51:10. E noutro lugar ele diz: “Quanto está longe o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.” Salmos 103:12. MDC 114.1
Deus, em Cristo, ofereceu-Se por nossos pecados. Sofreu a cruel morte de cruz, carregou por nós o peso da culpa, “o justo pelos injustos”, a fim de poder manifestar-nos Seu amor, e atrair-nos a Si. E diz: “Sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” Efésios 4:32.
Que Cristo, a divina Vida, habite em vós, e manifeste por vosso intermédio o amor de origem celeste que irá inspirar esperança no desalentado e levar paz ao coração ferido pelo pecado. Ao aproximar-nos de Deus, eis a condição que temos de satisfazer ao pisar o limiar — que, recebendo misericórdia de Sua parte, nos entreguemos a nós mesmos para revelar a outros Sua graça. MDC 114.2
O elemento essencial para que possamos receber e comunicar o amor perdoador de Deus, é conhecer e crer o amor que Ele nos tem. 1 João 4:16. Satanás opera por meio de todo engano de que pode dispor a fim de não distinguirmos esse amor. Levar-nos-á a pensar que nossas faltas e transgressões têm sido tão ofensivas que o Senhor não tomará em consideração nossas orações, e não nos abençoará nem salvará. Não podemos ver em nós mesmos senão fraqueza, coisa alguma que nos recomende a Deus, e Satanás nos diz que é inútil; não podemos remediar nossos defeitos de caráter.
Quando tentamos ir ter com Deus, o inimigo segreda: “Não adianta orares; não praticaste aquela má ação? Não pecaste contra Deus, e não violaste tua consciência?” Temos, porém, o direito de dizer ao inimigo que “o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”. 1 João 1:7.
Quando sentimos que pecamos, e não nos é possível orar, é o momento de orar. Talvez nos sintamos envergonhados e profundamente humilhados; devemos, porém, orar e crer. “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” 1 Timóteo 1:15.
O perdão, a reconciliação com Deus, não nos é concedido, como recompensa por nossas obras, não é outorgado em virtude dos méritos de homens pecadores, mas é uma dádiva feita a nós, a qual tem na imaculada justiça de Cristo o fundamento de Sua disposição. MDC 115.1
Não devemos procurar diminuir nossa culpa escusando o pecado. Cumpre-nos aceitar a divina avaliação do pecado, e essa é deveras pesada. Unicamente o Calvário pode revelar a terrível enormidade do pecado. Caso devêssemos suportar nossa própria culpa, ela nos esmagaria. Mas o Inocente tomou-nos o lugar; conquanto não a merecesse, Ele carregou com a nossa iniqüidade.
“Se confessarmos os nossos pecados”, Deus “é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” 1 João 1:9.
Gloriosa verdade! — justo para com Sua lei, e todavia Justificador de todos quantos acreditam em Jesus. “Quem, ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniqüidade, e que Te esqueces da rebelião do restante da Tua herança? O Senhor não retém a Sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade.” Miquéias 7:18.
O maior discurso de Cristo