Minas Gerais comemora nesta segunda-feira (20) o Dia da Cachaça Mineira, uma data simbólica que homenageia uma das expressões culturais e econômicas mais autênticas do estado. Reconhecida nacional e internacionalmente por sua qualidade, a cachaça artesanal produzida em Minas movimenta um setor que vai muito além do copo: envolve famílias, histórias, tradição e renda.
A produção anual ultrapassa os 200 milhões de litros, o que faz do estado o maior produtor do Brasil. São cerca de 100 mil empregos diretos gerados e outros 300 mil indiretos, segundo estimativas de entidades do setor. Do pequeno alambique familiar aos rótulos premiados, a cachaça mineira tornou-se um símbolo de identidade e um elemento fundamental para o desenvolvimento de diversas regiões do interior.
Em cidades como Salinas, Januária, Lima Duarte e Rio das Mortes, a cachaça faz parte da rotina e da memória coletiva. O processo artesanal de produção, que envolve técnicas transmitidas entre gerações, respeita o tempo e valoriza a matéria-prima local, como a cana-de-açúcar cultivada em solos mineiros. Cada etapa — desde o plantio até o armazenamento em tonéis de madeira — influencia no sabor e no aroma da bebida.
“A cachaça mineira carrega saberes e sabores. Ela é feita com muito cuidado, dentro de um processo que respeita as características regionais e a diversidade do nosso estado”, afirma um dos produtores tradicionais de Salinas, cidade considerada a capital nacional da cachaça artesanal. A cidade, inclusive, sedia eventos e concursos que reforçam a importância do produto para a cultura e economia regional.
O setor tem buscado também profissionalizar-se e diversificar seus mercados. Muitos alambiques mineiros já conquistaram certificações de qualidade e passaram a exportar a bebida, ampliando a presença da cachaça mineira em bares e lojas especializadas em todo o mundo. A Indicação Geográfica (IG) da cachaça de Salinas é um exemplo do reconhecimento da bebida como um produto de origem controlada e qualidade superior.
A valorização da cachaça mineira tem sido reforçada por ações públicas e privadas voltadas à preservação da tradição e à organização da cadeia produtiva. Entidades como o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e o SEBRAE atuam junto aos produtores para garantir padrões sanitários e fortalecer a identidade da bebida.
O Dia da Cachaça Mineira é, assim, mais que uma celebração simbólica: é um momento para reconhecer o papel dos produtores, dos trabalhadores rurais e dos mestres alambiqueiros que mantêm viva uma tradição centenária. É também uma oportunidade de destacar a importância de políticas públicas que apoiem o setor e promovam seu crescimento sustentável.
A bebida, que por muito tempo enfrentou preconceito e foi associada à informalidade, hoje ganha status de excelência e conquista o paladar de consumidores exigentes. O movimento de valorização tem contribuído para mudar a percepção sobre a cachaça, colocando-a no mesmo patamar de prestígio que outras bebidas destiladas de tradição mundial, como o uísque e o conhaque.
Em um cenário de redescoberta da brasilidade e da valorização do produto local, a cachaça mineira representa mais que uma bebida: ela é herança cultural, economia ativa e símbolo de resistência e identidade. Que o dia de hoje inspire reconhecimento e orgulho em cada mineiro.