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Patrocínio, 23 de abril de 2024
É com grande expectativa que aguardamos o evento marcado para o próximo dia 25 de abril, às 19 horas, no Museu, em Patrocínio, onde um encontro especial com os ternos do congado promete emocionar os presentes, marcando possivelmente a coroação da Rainha Conga.
Neste momento significativo, lembramos com carinho a figura de Dona Abadia e seu rico Reinado, relembrando um pouco de sua história.
“Oh mãe não deixa seu filho chorar. Não deixa a coroa cair. Não deixa a festa acabar.”
Toda vez que pensamos no Congado em Patrocínio, é impossível não citar Dona Abadia.
Como ela mesma dizia:
“A vida é assim mesmo, a gente pode até ficar cansada, a gente pode até pensar que não vai dar conta, mas a gente não cai. Quem é devoto de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito enfrenta os problemas com oração.”
Dona Abadia foi coroada Rainha São Jorge ainda criança, no ano de 1958, aos 5 anos de idade. Filha de Revalina Rosa dos Santos e Orlando Antônio da Silva, nasceu em 4 de maio de 1953.
Atenta às festas religiosas, sempre pronta para ajudar e com uma persistência admirável. Posteriormente, com o falecimento de seus pais, ela foi coroada Rainha Conga.
Até o ano de seu falecimento em 2024, foi uma Rainha Conga dedicada e fervorosa, participando ativamente de 10 a 12 festas por ano em Patrocínio e região.
Às vezes, sem apoio público, mas com o apoio dos congadeiros e familiares, nunca pensou em desistir.
Em pleno exercício do seu Reinado, Dona Abadia participou de vários encontros ligados à cultura, esteve em várias conferências municipais, ajudou a elaborar o plano decenal de cultura em Patrocínio, valorizando os saberes populares.
Esteve com vários políticos, deu depoimentos, contava sobre seu Reinado com gratidão e emoção, e recebeu homenagens, sempre ficando alegre! Tirava do próprio bolso recursos para realizar a festa, alimentação, transporte, vestimentas, instrumentos musicais e o que precisasse.
Quando faleceu em janeiro deste ano, o secretário Estadual de cultura, Sr. Leônidas, publicou nota ressaltando sua total dedicação ao Congado no Estado de Minas Gerais.
O que nos leva a escrever é que a coroa de Dona Abadia, pela hierarquia e hereditariedade, deveria ser passada para sua filha, Fernanda Cristina Crescêncio.
Sabemos do empenho nesse sentido. Na história do Congado, essa sequência para a filha e, na ausência da filha, para a neta, é documentada.
Não foi encontrado até a presente data um documento que relate a transferência da coroa para outro Terno, a menos que não tenha uma filha ou neta.
A tradição do Congado é essa, não só em Patrocínio, mas em outras regiões.
Assim sendo, tomamos a liberdade de escrever, de convidar e pedir a todos congadeiros, capitães, Rainhas, apoiadores dessa rica manifestação religiosa e cultural que sigam essa tradição.
Ao evocar o nome de Dona Abadia, relembramos seu esforço, sua fé, sua garra, sua ancestralidade.
Temos certeza de que sua filha Fernanda vai seguir seus passos com as bênçãos de Nossa Senhora e São Benedito.
Apoio da sociedade civil. Apoio da Fundação Casa da Cultura.
É patrimônio histórico. Não se quebra tradição.
Obrigada pela atenção.
Manifestação de Mônica Othero sobre a tradição do Congado chama atenção da tradição.