Desde os 8 anos de idade a senhora Madalena Gordiano, trabalhava na casa da família Milagres Rigueira, em Patos de Minas sem nunca receber nem um salário mínimo para isso.
Segundo as informações, um dia Madalena com 8 anos, foi até a casa da professora Maria das Graças Milagres Rigueira para pedir algo para comer e a professora falou que só daria comida pra ela se ela fosse morar na casa.
A professora então se ofereceu para adotar Madalena, a mãe da menina que tinha outros 8 filhos concordou, porém a adoção da menina nunca foi formalizada. A partir do momento que Madalena foi morar na casa da professora ela deixou de ir a escola.
Ela relatou que desde menina ajudava a arrumar a casa, cozinhar, lavar banheiro e que nunca teve se quer uma boneca.
Depois de aproximadamente 24 anos trabalhando para a professora, Madalena passou a trabalhar para o filho dela professor Dalton César Milagres Rigueira, porém as condições continuaram as mesmas, até ser resgatada do apartamento do professor no Centro da cidade, no dia 27 de novembro pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal.
Madalena vivia em um quarto pequeno de 3 metros de comprimento por 2 de largura, sem janelas totalmente abafado e sem ventilação.
Os vizinhos do prédio começaram a desconfiar da situação em que Madalena vivia quando ela começou a pedir pequenas quantias de dinheiro para os vizinhos através de bilhetes colocados em baixo das portas, para comprar kits de higiêne pessoal.
Eles acharam estranho pois a família para qual ela trabalhava tinha condições de proporcionar isso a ela, bem como também um salário por seu trabalho, que segundo um dos vizinhos relatou começava as 4h da manhã.
Segundo relatos Madalena até chegou a se casar com um tio da esposa do professor, porém nunca foi morar com o marido, que era um ex-combatente das forças armadas e morreu pouco tempo depois do casamento, deixando duas pensões que somavam aproximadamente R$8 mil reais por mês, mas ela nunca teve acesso a esse dinheiro e seu patrão controlava sua conta bancária depositando para ela apenas R$200 a R$300 reais por mês.
Por outro lado o professor Dalton alegou que chegou a oferecer um quarto maior para a diarista, mas que ela recusou a oferta e que ela decidiu parar de estudar por conta própria e ele não incentivou que ela continuasse estudando. O professor disse também que sempre considerou Madalena como uma integrante da família e não uma empregada.
Madalena hoje vive em um abrigo para mulheres vítimas de violência.
De acordo com o Ministério Público do Trabalho os suspeitos estão sendo investigados por submeter uma pessoa à condição de trabalho análogo ao escravo e tráfico de pessoa, e podem também responder por apropriação indébita, a pena pode chegar a até 20 anos de reclusão.