📷 Reprodução Patrocínio que eu vi.
Vote primeiro na nossa enquete.
Adaptação do texto de Mônica Othero Nunes
A Patrocínio que eu trago no coração tem muitas lembranças
Houve um tempo em que as ruas de Patrocínio eram como as veias de um coração pulsante, cheias de vida e memórias entrelaçadas.
Era uma cidade onde cada esquina guardava uma história e cada rosto era um capítulo vivente dessa narrativa nostálgica.
Nas manhãs ensolaradas, as casas com seus alpendres testemunhavam o retorno dos estudantes em grupos animados, enquanto o aroma tentador da comida caseira invadia o ar, fazendo até mesmo os pássaros voarem mais baixo em sua busca por migalhas perdidas.
Os pomares eram verdadeiros tesouros da natureza, com mangas suculentas, jabuticabas negras como a noite, laranjas radiantes, cidras perfumadas e goiabeiras carregadas de frutos cor de rosa.
Os doces caseiros feitos em tachos de cobre e as quitandas assadas em fornos de lenha enchiam o ar com um perfume delicioso, convidando todos a uma indulgência irresistível.
Seu Amador, com seu carrinho de pipocas na praça Santa Luzia, era uma figura querida, sempre pronta a alegrar os corações com suas guloseimas estaladiças.
E quem poderia esquecer Dona Abadia, com suas empadinhas douradas e suculentas, aceitando encomendas com um sorriso acolhedor?
Nesses tempos de simplicidade e calor humano, não havia distância que não pudesse ser encurtada com um passo decidido e um sorriso nos lábios.
Era uma época de primeiros flertes, casamentos com noivas deslumbrantes e emoções à flor da pele, onde cada novo capítulo da vida era celebrado com alegria e gratidão.
No consultório odontológico do seu Quinquim, as horas passavam lentamente para aqueles que aguardavam na fila, mas o assovio tranquilo do doutor enquanto voltava da natação no clube Catiguá trazia um alívio reconfortante, como um sinal de que tudo ficaria bem.
E o pão fresquinho entregue de bicicleta na janela ou no banco do alpendre era um presente diário que enchia os lares com um aroma reconfortante e lembranças felizes.
Dentro do consultório, o Dr. Figueiredo atendia seus pacientes com dedicação e rapidez, enquanto o Dr. Waltinho, com sua risada contagiante, trazia paz de espírito com suas palavras tranquilizadoras.
E como esquecer os personagens que tornavam Patrocínio tão especial?
Desde o Zé bonitinho com sua elegância até o Bicho Preguiça com seu inseparável machado, cada um deixava sua marca indelével na história da cidade.
Mas o verdadeiro orgulho de Patrocínio residia em suas almas generosas, como a irmã Maximiliana e o padre Pio, dedicados aos carentes e sempre dispostos a oferecer uma palavra de conforto ou um gesto de bondade.
E assim, entre lembranças doces e saudades profundas, a vida seguia seu curso na cidade onde o céu tinha as cores mais lindas do Brasil, e cada rua, cada praça, cada rosto era um elo na corrente eterna da memória.
Patrocínio, 182 anos de história!