No início deste ano, tornou-se pública a história de Madalena Gordiano, 46, mantida em condições análogas à escravidão por uma família da cidade de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, por 38 anos. Ela foi resgatada no fim de 2020, e a família está sendo investigada pelo Ministério Público do Trabalho.
Após pouco mais de um mês de ter sido resgatada, Madalena ressurgiu linda e de cabelos longos. Ela vai sentindo o que é ser uma mulher livre, que, aos poucos, tem saboreado o poder de fazer o que quiser. E a mudança está visível. Obrigada a raspar os cabelos e a viver com pouquíssimos pertences, ela agora tem o cabelo longos, e o sorriso no rosto é evidenciado pelos cuidados de beleza. Madadela, inclusive, posou para um ensaio fotográfico.
Relembre
Madalena teria sido mantida em situação análoga à escravidão por 38 anos, parte deles na casa do professor universitário Dalton César Milagres Rigueira. Ela foi resgatada no final de novembro de 2020.
No dia 3 de janeiro, o portal UOL revelou detalhes da denúncia, apontando o possível envolvimento de Vanessa Maria Rigueira Pacheco, irmã de Dalton, e funcionária da rede municipal de saúde de Patos de Minas.
O dinheiro da pensão de Madalena teria sido usado para custear a faculdade de medicina de Vanessa em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Para o MPT, a renda da família é incompatível com os gastos declarados. A conta só fecha com o acréscimo dos valores da pensão, de aproximadamente R$ 8.000.
Diante da suspeita, o prefeito de Patos de Minas anunciou que apuraria o caso. Na segunda-feira seguinte ao anúncio, o prefeito de Patos de Minas informou que a servidora já foi avisada do desligamento.
Podcast discute o caso de Madalena e da escravidão no Brasil
O caso de Madalena demonstra como, mesmo passados mais de 130 anos desde a abolição, a escravidão foi mal resolvida no Brasil e como o racismo afeta as relações de trabalho de uma maneira estrutural. O podcast Tempo Hábil se debruçou sobre a questão. Ouça a conversa com Álvaro Nascimento, doutor pela Unicamp, e coordenador do Grupo de Estudos Pós Abolição e os Mundos do Trabalho.
(Com informações de Lara Alves, Jéssica Almeida e Flávio Sousa)
Fonte e conteúdo: O Tempo