domingo, 24 novembro
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InícioTodo mundo vai pegar coronavírus? Imunidade de rebanho custaria 700 mil vidas

Todo mundo vai pegar coronavírus? Imunidade de rebanho custaria 700 mil vidas

Vídeo explica projeções de especialistas em epidemiologia, infectologia e vacinas.

Apesar de muitos nunca terem ouvido a expressão “imunidade de rebanho”, a metodologia está presente em nossa vida desde que nascemos. Isso porque as vacinas tentam criar de forma passiva, sem prejuízo às pessoas, a imunidade coletiva.

Depois que a expressão ficou mais difundida, muitas pessoas foram para as redes sociais atribuir a mudança de cenário em Manaus (queda de casos) e São Paulo (queda nos casos) a uma possível imunidade coletiva.

Entretanto, esse senso comum foi criticado por especialistas na área da saúde, por não levar em conta que a imunidade de grupo é um conceito matemático.

Portanto, algumas pessoas têm exposição maior a situações que favorecem a transmissão do vírus. E, por causa do alto custo da imunidade de rebanho: muitas mortes e hospitais lotados.

Vídeo disponível no Portal UAI

Como funciona

Os primeiros estudos mostraram que, para chegar à imunidade coletiva, a proporção de pessoas infectadas pelo novo coronavírus tinha de ser de ao menos 60%. Nessa taxa, considera-se que toda a população é exposta da mesma forma ao vírus. Todos são suscetíveis igualitariamente. Se comportam de maneira igual.
Porém, sabemos que isso não funciona de forma homogênea. Existem pessoas que têm mais chances de pegar o vírus, como profissionais de áreas essenciais. Estudo publicado na revista Science tentou corrigir essas distorções de “acesso” ao novo coronavírus no cálculo da taxa.
Pesquisadores dividiram a população em três grupos etários: idosos, meia idade e jovens. E, dentro disso, criaram outra divisão: quem tem mais contato social, quem tem menos contato e quem não tem nenhum contato. Com um modelo matemático criado para se aproximar mais a essa realidade, os pesquisadores mostraram que podemos ter uma imunidade de rebanho com a marca de 43% de infectados.
Caos nas cidades brasileiras

O epidemiologista e professor da Universidade de São Paulo Paulo Lotufo reforça os motivos para não acreditar que a imunidade coletiva sem uma vacina será a solução.

É um erro ético, achar que ter mais gente infectada será bom. E também é uma coisa impossível de ser feita. Olha o que aconteceu só nos primeiros picos em lugares que fizeram pouco cuidado; praticamente os serviços paralisaram

Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da USP

O cenário caótico foi registrado em cidades como Manaus (AM), que chegou a abrir valas comuns para enterrar vítimas da COVID-19, e no Rio de Janeiro, onde hospitais empilharam corpos porque não tinha tempo hábil de mandá-los para funerárias.
O diretor da Organização Pan-americana de Saúde, braço latino-americano da Organização Mundial da Saúde OMS, Marcos Espinal, informou que não há evidências científicas para comprovar a imunidade de rebanho no Brasil. O órgão acredita que somente 14% da população da capital amazonense têm anticorpos. Em São Paulo, o número é de 3%. Ou seja, bem longe dos 70% ou até mesmo dos 43% estimados para se ter imunidade de grupo.
“Se você pegar os 70% que precisam de pegar a imunidade, nós vamos ter que ter 147 milhões, pois são 210 milhões de brasileiros. Como a taxa de letalidade é de 1%, nós teríamos como consequência 1,4 milhão de mortes. É basicamente a Região Metropolitana de Campinas. É um absurdo. Caso fossem os 35%, que também tem sido dito, nós saímos do 1 milhão e vamos acabar com Ribeirão Preto: 700 mil pessoas”.
Conteúdo Estado de Minas
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